A simplicidade e minimalismo na pesca
Uma das lições que absorvi dos meus sucessos ao spinning e insucessos no surcasting, bóia e chumbadinha, foi a da importância da simplicidade e minimalismo na pesca. Esta importância é tanto maior quanto mais principiantes formos, mas mesmo pescadores muito experientes podem acabar por afunilar completamente a sua técnica, equipamento, montagens e pesqueiros.
Às vezes - e eu conheço um de vista aqui - só fazem um tipo de montagem e a mesma pesca num só pesqueiro. E só vão pescar quando as condições se alinham na perfeição, seja de dia, seja de noite. Podemos debater se isso é um bom pescador ou não. Certamente que não é um pescador versátil e adaptável a diferentes pesqueiros, condições e espécies, mas por outro lado pode ser altamente eficiente se for dos que tiver resultados.
O spinning é extremamente minimalista. Não se compara - a meu ver - às combinações possíveis de elementos nas outras pescas.
No spinning o que me aconteceu foi que por pescar quase sempre nos mesmos sítios nas mesmas condições comecei a reduzir o leque de amostras que levava e a perder menos tempo, seja a preparar, escolher o pesqueiro ou escolher as amostras e os sítios para onde lançar. Entrei numa rotina que agora foi quebrada quando veio mar maior. Mas não me esqueço do que fiz e é simples replicar quando o mar estiver bom para isso outra vez.
Vou procurar aplicar os princípios do spinning na pesca da chumbadinha e deixar de lado - por enquanto - a bóia. Vejo em passadas pescas que compliquei demais com duas canas (bóia e chumbadinha) e o frequente uso de engodo. Mesmo na bóia tinha material para pescar pequeno e fino e material para um pião pesado, assim como linhas de espessura diferentes. Somar a isto os chumbos para calibrar piões e bóias, estralhos, stoppers, pérolas etc...
A minha ideia será tal como fiz para o spinning, ter um equipamento sempre pronto para ir e reduzido ao mínimo. Um carreto, a mesma cana, um sortido de chumbadas, uma bolsa de anzóis todos iguais, fluor 0,22mm para estralho e as ferramentas básicas como corta-unhas, alicate, faca. Com sucessivas idas vou poder identificar as chumbadas que são mesmo essenciais e as que não preciso.
Vou limitar a uma só técnica porque me vai obrigar a melhorá-la, seja a perceber que chumbadas usar (praticamente a única variável em que vou mexer) e para onde as lançar, como recuperar etc. Tive um problema muito desmotivante nas experiências do passado: muitas prisões. Isto desmotivava-me e fazia-me rapidamente passar para bóia ao fim de 2 ou 3 prisões ou ir embora. Mas como a bóia não corria bem, acabava por desistir. Agora vou simplesmente focar-me na chumbadinha até pelo menos encontrar pesqueiros e conseguir pescar sem prisões.
Já me explicaram no grupo Segredos de Pesca do telegram que peso maior para fixar a chumbada acaba por causar mais prisões, o que é contra-intuitivo, mas era sem dúvida um erro que eu cometia no passado.
Quanto à montagem, para já vou fazer uma com um destorcedor, pérola e chumbada de correr na madre e atar o estralho ao destorcedor. A vantagem para mim é que me é muito mais fácil e rápido fazer os nós que unem a um destorcedor, do que o nó de sangue ou nó de barril. Claro que depois terei de treinar esse nó na mesma.
Quanto a isco, vou escolher camarão congelado (e também acabar com o resto de sardinha congelada que ainda me sobrou). Depois vou deixar de parte a sardinha porque é demasiado mole e tinha grandes dificuldades em iscar bem, além disso prefiro usá-la se engodar. O mexilhão também se tendia a desfazer e comprava fresco em sacos e sobrava sempre muito.
O camarão congelado pode ser facilmente doseado. Ao fim de algum tempo posso estimar a quantidade certa de que vou precisar em função do tempo que planeio. Envolve alguma preparação: descongelar, descascar todo, triturar cascas e cabeças, acrescentar sal e deixar de molho os pedaços num tupperware, mas não é nada de especial.
A iscagem é simples e não envolve elástico. Pode envolver agulha se quiser iscar inteiro, embora tenha visto o Manuel Monteiro a ensinar uma iscada em que cortou o camarão em pedaços e o meteu no anzol directamente. Zero elásticos.
Depois é eleger um ou dois pesqueiros que sejam perto de casa, de relativo fácil acesso e que não sejam demasiado altos e perigosos. Isto vai exigir testes como exigiu o spinning. Para já estou algo desmotivado porque não pareço ter qualquer pesqueiro perto de casa que reuna estas condições. Em Peniche conhecia uma dúzia. As falésias eram mais direitas e havia mais profundidade na zona do cabo carvoeiro ou ilha do baleal, havendo sempre um spot pescável com mar a mexer muito, visto ter costa orientada a praticamente todas as direções.
Aqui ao longo de toda a zona da Praia Grande ao Magoito dá a sensação que assim que o mar passa o 1,5m se torna complicado pescar. Existe o Bico da Messe que é fundo e aguenta mar grande, mas é um pesqueiro muito concorrido e eu suspeito que está algo escaldado. De todas as vezes que vi os muitos pescadores lá, nunca vi ninguém tirar nada. Além disso é demasiado alto para o meu gosto.
O meu objetivo era mesmo ter duas técnicas que se complementassem, o spinning nuns pesqueiros mais rasos para mar pequeno, chumbadinha para mar maior noutros pesqueiros mais fundos e altos. Mas talvez tenha de desistir desse objetivo porque se for para algo aqui perto tem de ser com mar mais pequeno. Já percebi pela experiência do spinning que, onde andei, podia ter feito chumbadinha com pesos muito leves e inclusive com uma pesca móvel, andando pelas rochas, experimentando várias pedras. Infelizmente sobrepõe-se ao spinning em vez de o complementar, levando-me a ter de escolher ou uma ou outra forma de pesca.
Outra alternativa é mesmo deslocar-me a Peniche uma vez de vez em quando e concentrar mais tempo numa só sessão de pesca cirúrgica em vez de ir quase todos os dias como fazia com o spinning.
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